quinta-feira, outubro 31, 2002

Ah, esqueci o que eu ia falar.

Passa tempo, tic-tac
Tic-tac, passa hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, vai-te embora

Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora

Que já estou
Muito cansado
E já perdi toda alegria
De fazer meu tic-tac

Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tatuarei-me. De novo.

Tanta ansiedade, tanta vontade de que as coisas aconteçam logo. Tanta vontade de ter você logo de uma vez.

Eu não sei esperar. E isso me faz mal.

quarta-feira, outubro 30, 2002


Blogs portugueses mandam bem

A maioria é muito bem escrito, o design é de dar vergonha pros brasileiros. E ontem li um conto pra chorar ali no cantinho.

Valeu, Gonçalo!

"Eu quero dizer pra vocês que o Brasil está mudando em paz. E, mais importante, a esperança venceu o medo. E hoje eu posso dizer para vocês que o Brasil votou sem medo de ser feliz."

Putz, vou falar disso de novo porque isso é muito afudê. Tem um cara de um blog aí que escreveu uma coisa muito linda então eu vou copiar.

(...)Daqui pra frente, espero que tudo seja diferente. Que os coronéis, estelionatários, corruptos, criminosos e pessoas de má índole aprendam a ser gente, pois o orgulho idiota deles de nada vale nesse momento. Quem for brasileiro, como eu, que ajude e incentive o novo presidente no que for preciso para levantar e tornar forte a nossa nação. O nosso combustível será a esperança por uma vida melhor. (...)"

Não foram 53 milhões de votos de protesto. Foram 53 milhões votos de confiança.

... aí chega um e-mail e me deixa com essa cara besta aqui ó.

Ok. Estou apaixonada.

Eu precisava estar tão triste assim?

Nunca foi tão demorado apertar o botão "enviar". Mas foi.

E agora?

terça-feira, outubro 29, 2002

Não restam duvidas: Você é do rock. Senta no fundo da sala, odeia seu patrão, briga com todo mundo e se veste de um jeito meio esquisito. Quem não te conhece, te odeia. Mas quem te entende, vai querer ser seu amigo para sempre.

lml lml


(do blog da Fabrina)

Fazem 2 dias que eu não trabalho.

Fico lendo um milhão de sites e ouvindo pessoas falarem coisas imbecis.

Esperando um e-mail que não chega. Mas vai chegar.

segunda-feira, outubro 28, 2002

Preciso aprender a controlar minha ansiedade.

As coisas acontecem na hora certa, e um atraso de tempo não significa uma catástrofe terrível homérica e escabrosa.

.

.

Só falta eu assimilar isso.

... e aconteceu!

Enfim o dia chegou. Dia que nem eu, nem você, sabíamos ao certo se ia chegar.

E em uma tarde de outubro, sentada no chão de casa, eu escuto na televisão que o Brasil tem um novo presidente. O presidente que não tem ensino superior e um dedo mindinho. O homem que mereceu meu voto.

“A esperança venceu o medo”, disse ele ontem no primeiro prununciamento. Mas foi muito mais do que isso. Foi uma nação inteira, 55 milhões de pessoas que decidiram que queriam mudança. Que não estavam satisfeitos com oito anos de mesmice, cem anos de poder na mão de quem não conhece as pessoas que pretende governar. O povo escolheu quem nasceu do povo. O operário em construção.

Se as promessas serão ou não cumpridas, isso ninguém poderá profetizar. Como brasileira espero que sim e quero cobrar pelas promessas. Dei meu voto de confiança e quero receber em troca. Quero ver que esses 13 anos em que, sem poder votar, esperei pela noite de ontem, tenham valido a pena. Que a minha espera seja recompensada.

Quando eu tinha oito anos de idade o Lula perdeu uma eleição presidencial pela primeira vez. Vi minha mãe tirar os adesivos do PT do carro um a um, chorando. Na época eu não entendi direito, eu achava que tudo era uma festa, mas com o tempo, alguns meses depois com o fracasso que foi o governo Collor, eu vi como era importante a presença daquele metalúrgico na vida das pessoas. Ele dava esperança para quem queria mudar. Para quem sabia que ele não era perfeito, mas era a melhor opção para salvar um país tão cansado de apanhar como o Brasil. O primeiro nome que vinha à cabeça de quem queria o novo.

Ontem foi também a vitória da liberdade. Foi a quarta eleição em que escolhemos nosso governante, mas a primeira vez em que alguém que não pertence a nenhuma oligarquia política foi eleito presidente da república. Com tantos votos que o fizeram o mais votado em toda a história do mundo.

E agora, viramos vidraça.

Vivemos durante vinte anos contestando, lutando contra o poder. Agora o poder é nosso e as responsabilidades também.

No Brasil, a oposição é convocada sempre a resolver todos os problemas em tempo recorde. Em três meses já se ouvirão gritos de reprovação, dizendo que as promessas de campanha não passaram de mentira eleitoral.

Será preciso ter paciência, saber que grandes mudanças não acontecem de uma hora pra outra. Entender que foram oito anos em que a economia cresceu, mas o povo foi ignorado. A inflação praticamente desapareceu, mas a quantidade de miseráveis dobrou. Na última noite, milhões de pessoas dormiram de barriga vazia e sem um teto em cima das suas cabeças. Tente passar 6 horas sem comer nada e tente imaginar o que é conviver com essa dor diariamente.

Lula, o presidente que eu escolhi. O presidente que não vai governar 55 milhões de eleitores. Não. Serão todos. Todos os que, por ideologia ou não, medo de mudar ou simples preconceito, escolheram o outro candidato. Ele será o nosso representante mesmo que isso doa na cabeça dos conservadores.

O que fazer então?

Apoiar. Saber que a semi-perfeita democracia brasileira já fez sua escolha. Que agora não é momento de criticar, ironizar ou torcer contra. Política não é jogo de futebol onde o time que perde ou é rebaixado é motivo de piada. Há muito mais do que um troféu em jogo. É a nossa economia, nosso trabalho, nossa saúde, nossa alimentação. É a nossa vida. Por que, então, querer que as coisas dêem errado?

Eu fiz a minha escolha e me alegro ao saber que foi a escolha da maioria esmagadora da população. O dia de ontem, e os dias que virão, me fizeram ver que o brasileiro pensa, opina, decide o que é melhor para ele. Sim, o brasileiro sabe votar e sabe que a responsabilidade por ter escolhido Luís Inácio Lula da Silva, o “sapo barbudo sem dedo e analfabeto” é só nossa. E essa é a nossa maior vitória.

Hoje amanheceu um lindo dia de sol e muito calor em São Paulo. Aconteceu um acidente de carro embaixo da minha janela e eu tenho que trabalhar exatamente como foi na semana passada e como certamente será na próxima. Mas alguma coisa está diferente. Alguma coisa está melhor.

Acredito que nesse momento eu seja muito mais uma eleitora feliz do que a jornalista que eu quero um dia ser. Hoje, não sei escrever com imparcialidade, só o que eu estou sentindo. E eu estou feliz. Porque a esperança é maior do a hipocrisia.

E porque agora eu sei de verdade o que é ter orgulho de ser brasileira.

domingo, outubro 27, 2002

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo de religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia ...
Mas fosse comer tijolo!

E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
Garrafa, prato, facão
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.

Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção.
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
ele não cresceu em vão.
Pois além do que sabia
Exercer a profissão
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.

E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macação de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.


Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
"Convençam-no" do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:

Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.

E o operário disse: Não!
- Loucura! -- gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! -- disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Como o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.

E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

Vinícius de Moraes

TÁ DOMINADO. TÁ TUDO DOMINADO.

sexta-feira, outubro 25, 2002

Foda-se.

Vou pra Pinda ver minha mãe e tirar muitas fotos e votar no Lula e depois eu vejo o que eu faço com esse rapaz.

Tchau.

Eu trabalho num sebo

Daí eu estava aqui sem fazer nada (trabalhar, nem pensar) e vendo milhões de sites e vi que eu queria um livro porque eu sei que eu vou demorar um século pra terminar de ler O Mundo de Sofia. Aí eu entrei em um site que eu não lembro qual é e comecei a ver um monte de autor aí eu achei o site dela.

Aí eu liguei na livraria, sim, eu trabalho em uma, e pedi o primeiro livro de prosa dela, Fluxo-Floema. Aí chegou aqui e eu babei.

Edição original, de 1970, com cheiro de 1970. Custou 8 reais. Novinho.

.

.

Depois de sete meses, eu entendi porque que eu tinha que trabalhar aqui.

Ah, se eu soubesse usar o Photoshop...

...Eu teria como mostrar como a minha vida anda tosca. Mas como eu não tenho as manha, fico aqui com cara de otária me sentindo uma garota culpada por ser tão má e tão boba.

Nossa.

quinta-feira, outubro 24, 2002

Tem como uma pessoa ter o seu "homem da minha vida" e o seu homem ideal separadamente?

Ok, vou dormir.

BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAAA CABELO!

Esse aqui é o blog mais nonsense de todos os tempos.

"...naquele tempo Jesus cansado de ser carpinteiro, foi trabalhar na loja de 1,99 de seu primo Lájaro.
Certo dia um farizeu fazia compras e testemunhamos o seguinte diálogo:

F: Quanto custa este mini-radinho-de-bolso AM,FM
J: É 1,99
F: Quanto é este fone de ouvido?
J: É 1,99
F: Vou levar também
F: Jesus, quanto custa estas pilhas?
J: É 24 pilha por 1,99
F: Vou levar.
J: Mais alguma coisa farizeu?
F: É só isso, pode embrulhar!
J: Aqui está.
F: Obrigado.
J: BOA SORTE!!
F: ?!?!

E a multidão que aguardava o sermão regozijou-se e gritou:

- BOA CABELO !!!

Será que esse amor é mesmo tão platônico assim?

Hoje meu pai terá outra crise de vesícula e eu vou ter que ir até o hospital.

Pois é, outra entrevista de emprego. Numa agência lá no Ipiranga. Longe, bem longe.

Mas aí eu tenho minha tarde livre pra não fazer nada. Pra ficar em casa e esperar aquele e-mailzinho que será muito bem-vindo.

Enquanto isso, devo fingir que trabalho. Ou não.

quarta-feira, outubro 23, 2002

ALGUÉM AÍ SABE COMO COLOCAR A DROGA DOS COMENTÁRIOS EMBAIXO DO POST?

Obrigada.

Uau.

Brasil é o 54º em 1º ranking mundial de liberdade de imprensa

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris, divulgou hoje o primeiro ranking mundial da liberdade de imprensa, com resultados díspares entre os países latino-americanos. O Brasil ocupa a 54ª posição, enquanto a Costa Rica (15º) aparece na frente dos Estados Unidos (17º), e Cuba (134º) está entre os últimos classificados.

O objetivo desta primeira classificação da liberdade de imprensa é mostrar "o grau de liberdade de que dispõem os jornalistas e veículos de comunicação de cada país, e os meios usados pelos Estados para respeitar e fazer com que essa liberdade seja respeitada", segundo a RSF.

A organização concedeu os primeiros lugares a quatro países do norte da Europa: Finlândia, Islândia, Noruega e Holanda. O Canadá, primeiro país do continente americano citado, ficou em 5º lugar.

A Costa Rica foi o país latino-americano a obter o melhor resultado nessa classificação, baseada nos resultados de um questionário de 50 perguntas enviado a jornalistas, investigadores e juristas de vários países, sobre "o conjunto dos atentados à liberdade de imprensa (assassinatos ou prisões de jornalistas, censura, pressões, monopólio do Estado, punições para os crimes de imprensa etc.)".

A Costa Rica ficou em 15º lugar, empatada com a Suíça e à frente dos Estados Unidos (17º). O segundo país latino-americano citado é o Equador (20º), seguido por Uruguai (21º) e Chile (24º). Atrás da Espanha (28º), um dos países da União Européia pior classificados, aparecem Paraguai (32º), El Salvador (33º), Peru (36º), Itália (40º) e Argentina (42º). O Brasil ocupa o 54º lugar, o México ficou em 75º e a Venezuela, em 77º.

A Colômbia está entre os países com as piores colocações (114º), enquanto Cuba conseguiu apenas a 134ª posição, à frente de Butão, Turcomenistão, Mianmar, China e Coréia do Norte, os últimos cinco classificados.

A RSF disse que "a tabela não reflete a qualidade da imprensa", apenas o nível de liberdade de imprensa entre setembro de 2001 e outubro de 2002. Foram incluídos na listas apenas os países cujas informações foram consideras "fidedignas e puderam ser contrastadas".

Malta, valeu.

Mas meu template tem vida própria.

Não dá, simplesmente não dá. Não rola.

Um comment nunca vai brotar aqui. Nunca

Em dias como esse eu fico feliz em não possuir uma webcam. Tente dormir com os cabelos molhados pra você ver o que acontece.

Eu não quero trabalhar, então eu vou ficar fazendo testes imbecis


Que amigo do Snoopy você é?

Acordei com dor no maxilar de tanto apertar meus dentes durante a noite. Tenho bruxismo.

Tive um sonho essa noite, às vezes acontece.

Eu estava numa casa toda bacana e cheia de banheiras. E tinha muita gente lá. Gente que eu não conheço mas eu sabia quem era.

Aí eu olhei ali na varanda e ele estava lá. Vestido de azul. Lindo. E meu coração disparou. Porque já fazia tanto tempo.

Mas foi como se ele não tivesse me reconhecido. A namorada dele estava junto e ele não levantou os olhos pra me ver; ele não levantou. Ele não sorriu. Ele não fez nada e doeu.

Nem nos meus sonhos ele fica perto de mim.

.

.

.

.

Mas também, foda-se.

Eu não acho uma coisa legal ainda gostar de você. Porque tem outra pessoa que eu quero agora mas você não vai embora.

*Quem sabe hoje as coisas não começam a mudar? Eu só preciso de um e-mail... Eu preciso passar mal de novo...*

;-)

terça-feira, outubro 22, 2002

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha.

Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.

Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.


(Dela)

Me liga hoje, baby: Pode vir que eu tou facinha.

Quando a gente se vai, sempre tem alguém que nos espera voltar.

Eu quero ficar com você. Eu não quero mais nada.

Eu quero pensar em você. Eu não quero mais ter medo de nada.

Só isso.

segunda-feira, outubro 21, 2002

O Wagner, numa dessas tardes de ócio, me propôs um desafio: ele me daria um tema e eu desenvolveria um texto de mais ou menos dez linhas.

O tema era: "Luiz Pedro foi colher maçãs em campos da Bélgica. De dia fazia isso e a noite comia a mulher de um Judeu comerciante de diamantes. O comerciante chamava-se Matusalém e a mulher, Sara."

Deu nisso, ó:

Talvez fosse só pelos diamantes. Talvez somente por saber o que poderia acontecer a ele se o velho judeu descobrisse que Sara embebedava o marido todas as noites somente para se ver livre do corpo gordo que nunca lhe deu prazer. Não importava. Todas as noites Luiz Pedro trocava as maçãs belgas pelas coxas daquela mulher.

Masturbava-se com freqüência entre as macieiras e o frio do outono. Mas gozava mesmo quando se lembrava das pedrinhas que sempre apareciam nos seus sapatos na hora de calçá-los. Não importava as pernas e as brincadeiras de Sara com a fruta que rendia o sustento de Luiz Pedro. Importava o incômodo na sola do pé na hora de ir embora.

Era todo dia assim e Matusalém apresentava sinais de cirrose e Sara de gravidez.

Um dia o velho judeu não quis beber tanto assim, acordou no meio da noite e viu Luiz Pedro no meio da sua judia. Matou os dois com tiros no coração e no fígado, os lugares mais atingidos pela traição.


Eu gostei.

Enquanto a parte da população paulistana que saiu no sábado a noite voltava da balada, Carolina acordava. Carolina passava na casa de Vanessa e Jean e ia rumo à Castelo Branco.

Pois é. Fui ontem pra Marília, há 450 quilômetros de São Paulo. Quase 2 tanques de gasolina e um calor de 38 graus.

Às 9 horas da manhã a gente estava lá: em um convento de irmãs enclausuradas que me deixaram de boca aberta. Porque elas são diferentes do que eu imaginava que elas seriam: elas riem, elas sabem o que acontecem aqui fora, elas têm opiniões. Elas escolheram viver daquele jeito, não, elas não fugiram.

E falaram coisas que vão fazer nosso TCC ser sim o melhor que a Unisa já viu.

Babei.

Daí a gente deu uma volta na cidade, almoçou e voltou.

Cansada demais, suja, suada.

Mas enfim, missão cumprida.

Fui dormir às 7 e meia da noite e acordei antes do relógio.

E essa semana eu vou ver ele.

Então eu quero voltar a pensar nele. Porque esse fim de semana foi foda e eu não consegui pensar em nada.

E parar, claro, de pensar em besteira.

sábado, outubro 19, 2002

O céu está cor-de-rosa.

Mas antes tinha tanto granizo que eu tive medo.

E aí a televisão não pára de mostrar tragédias e pessoas nadando e fogo na Marginal e meu pai não muda canal.

Vou fugir. Pro meu quarto. Dormir.

Tenho que estar acordada as 3 e meia da manhã e vai ser foda.

Boa noite. São 6 da tarde.

sexta-feira, outubro 18, 2002

Dica gastronômica da Carol

Na rodoviária do Tietê, que foi reformada agora e tá toda fodona, na frente do Bob's. Tem um quiosquezinho de cachorro-quente. Um pãozinho pequeno, salsinha e um molho de tomate que é um tesão. Parece molho de pizza.

Por 2 e 90 você leva o dog, batatinha e refrigerante.

Diversão garantida se você não tem problemas de estômago.

Bem.

Vai começar o fim de semana mais sem-noção de todos os tempos.

Não perdammmmmmmm.

Calma Carolina. Respira. Isso. Calma.

Não aconteceu nada. Não tem porque ficar com raiva.

Respira de novo.

Lembra de antes, tonga.

Não pense em nada, vai.

Ontem foi uma noite fofa.

Quando eu tinha tudo pra ficar chateada por não ter encontrado o locutor de AM, meu pai me ligou porque ganhou um convite pro lançamento de um condomínio muito fashion e depois ia ter um show, putz, do MILTON NASCIMENTO.

Aí tal, eu fui. Morrendo de sono e tudo que era servido no coquetel era horrível ou com gosto de nada.

E chovia. E meu pé doía. E eu já estava pensando em desistir e já estava dormindo no ombro do babai.

Até que, putz, começou o show e eu esqueci tudo.

Foi lindo. Lindo perfeito.

Aquela voz perfeita e as músicas perfeitas e ele cantando Caçador de Mim e Nos bailes da vida e eu feliz da vida.

Desculpa, eu não sei descrever direito.

Mas foi lindo, valeu a pena estar tão cansada hoje.

O meu dia todo valeu a pena. O meu dia terminou bem.

quinta-feira, outubro 17, 2002

Daí meu celular tocou.

E era um número que eu não conhecia. Daí eu falei alô.

Aí do outro lado uma voz de locutor de AM. Sim, era de um locutor de AM.

ELE LIGOU. PUTZ, ELE LIGOU!

10 minutos andando com cara de boba no meio do depósito ouvindo a voz dele. Rindo. Falando do aniversário e do cachorro e da praia e da faculdade. E falando de semana que vem. Porque semana que vem a gente atropela e-mail e telefone e aí seja o que Deus quiser.

Cristo, eu estou besta. Besta e com medo. Porque eu não estou acostumada.

Estou sorrindo. E eu sou uma pessoa melhor quando eu estou sorrindo.

Hoje vou ver um show do Milton Nascimento. Sorrirei o tempo inteiro.

*suspiro*

Estou aprendendo as regras do jogo direitinho dessa vez.

Sem stress, sem afobação, sem ansiedade.

Não vai ser hoje, mas vai ser na semana que vem.

Aí tu já era, negão.

*Carol levantando a mão no fundo da sala*

- Pra que serve o Comitê Gestor da Internet?

*sem resposta*

quarta-feira, outubro 16, 2002

Sabe quando um cachorro sai correndo atrás do carro latindo que nem um maluco, aí quando o carro pára e fica olhando com cara de bobo sem saber o que fazer?

Então. Sou eu.

Só lembrando

Apaguei tudo e comecei tudo de novo. Talvez seja porque eu deveria fazer isso com tudo.

Como sempre, muito cansada. Mas rindo à toa.

Magoada. Magoada pra caramba. Mas foda-se.

Estou reconstruindo o meu circo.