Das coisas que eu deveria ter ditoTalvez eu devesse ter te falado que quando você entrou pela porta da minha casa depois de cinco anos fazendo parte da minha vida eu já sabia o que iria acontecer e o fato de ter demorado míseros quinze minutos pra gente se grudar foi a prova disso.
(E você não sabe que antes disso minha pressão caiu dentro do banheiro, o que me fez correr desesperadamente até a geladeira atrás de um pedaço de queijo).
Eu poderia ter te dito também que eu já sabia, na hora em que você me beijou, o destino final de sete das dez noites que você esteve aqui. Em alguns casos eu evito, mas dessa vez eu não fiz o menor esforço.
Deveria ter dito também que você é uma das pessoas mais divertidas que eu conheci, e que vou sentir saudade do teu sotaque e de você cantando muito alto canções folclóricas dentro do carro e das tuas histórias inusitadas que me faziam chorar de rir.
E que você é tão inteligente que me fascina.
E que com você não foi somente "muito muito bom" como eu te disse, você foi o melhor.
Que você não pegou na minha mão mas poucos foram tão carinhosos comigo como você foi e eu estou convencida de que nossas respectivas famas de estúpidos foram neutralizadas pela nossa empatia irrestrita.
Em todos os sentidos.
Que eu me senti a pessoa mais feliz do mundo quando você decidiu ficar comigo naquela noite de sexta, depois daquela situação surreal que eu sei o quanto te abalou.
E que eu sofri demais vendo o meu time ganhar do seu vendo tudo da torcida adversária, mas valeu a pena e eu faria isso de novo.
(Mas sorte que o returno é bem longe daqui...)
E, principalmente, que é muito fácil gostar de você, mesmo que você não acredite.
Mas pelo menos eu disse que você é uma das melhores pessoas que eu já conheci, que eu vou sentir sua falta e que a minha casa está sempre aqui pra você.
Disse que queria você sempre por perto, embora nós dois saibamos o quanto isso é difícil.
Que eu não acho você feio, que eu não acho que você se mexe demais enquanto dorme e que não liguei pra tua gripe.
Te chamei de besta quando você disse que eu já deveria estar cansada de você e expliquei que as vezes meu silêncio é sinal de intimidade: não precisei tentar agradar você, não precisei inventar assunto, tudo aconteceu.
E te disse no último abraço "adorei, adorei, adorei" e sorri quando você me disse "obrigado por tudo".
Obrigada você, guri, por ter me trazido uma alegria que, você não sabe, mas eu não tinha há tempos.
E por ter me mostrado que as vezes é preciso alguém vir de longe pra que São Paulo, minha rotina, EU, faça algum sentido.
E hoje a tarde, quando você apareceu na internet, já na tua cidade, minha casa ficou grande demais pra uma pessoa só.