quinta-feira, setembro 27, 2007

Surrealidade pouca é bobagem ou Por qur vale a pena ser jornalista

Na noite de ontem, em Saõ Paulo, entrou no ar a Record News. No evento de inauguração do novo canal, o presidente Lula. Aquele que atrai por onde passa uma multidão – involuntária – de jornalistas. E ontem não foi diferente. Mesmo no teatro da concorrente, na Barra Funda, estávamos todos lá. A maioria se conhece pelo nome e adota o regime de parceria em casos de total falta de pauta. Quando não existem mais chances, apela-se para a criatividade.

Quando nem isso funciona, é hora de chutar o pau da barraca.

Pela primeira vez em uns 50 eventos, o presidente chegou na hora, antes das oito da noite, horário em que a TV entraria no ar. Sentam na palco o prefeito Gilberto Kassab, o governador José Serra, Lula, Edir Macedo (que despertou risinhos da imprensa quando chamado por Celso Freitas de EMPRESÁRIO) e mais o presidente da Record, cujo nome é ignorado.

Lula e Serra conversavam efusivamente antes do início das transmissões e o governador chegou a dizer em seu discurso que tinha o PRAZER de estar na companhia de Lula.

Entre os presentes, Marta Suplicy, Ellen Grace, Franklin Martins, Arlindo Chinaglia. Edir Macedo, em seu discurso, disse que a Record News era uma reação ao monopólio de uma outra empresa, e no final agradeceu AO SEU DEUS pela realização do sonho. E o dízimo da Universal, entra onde?

Lula fez muito repórter cogitar cortar os pulsos. Em um discurso de três minutos, não falou nada de útil. O lead passou longe, riu e ainda mostrou a língua.

Mas foi ali, quando o presidente discursava, que começou a verdadeira demência. Vamos aos fatos.

Dizendo que não existe censura no Brasil e exaltando a liberdade de imprensa, Lula afirmou que, sempre que participa da inauguração de um novo veículo de comunicação, pensa: “LIBERDADE, LIBERDADE, LIBERDADE, LIBERDADE, ABRE AS ASAS SOBRE NÓS”. (Sim, quatro vezes liberdade).

Quando tentei olhar em volta para ver se havia mais alguém envergonhado com aquilo, e me atentei ao fato de que existiam umas cinquenta pessoas com BROCHES do PARTIDO REPUBLICANO. Na verdade eu e outra repórter, cujo veículo não pode ser divulgado por motivos que serão explicados em breve, estávamos cercados deles.

Após o discurso do Lula, que junto com o PASTOR apertou o BOTÃOZINHO e assinou um LIVRO DE PRESENÇA, surge FAFÁ DE BELÉM.

Sim, Fafá de Belém. Para cantar o HINO NACIONAL.

Constrangedor.

Não existe a menor chance de ficar pior – pensei.

(Bobinha)

Claro que dava. Porque começou a segunda parte do Hino e ninguém conseguia acompanhar, porque o ritmo era outro. Desconforto visível no palco. Edir Macedo deveria estar pensando sobre quem foi o GÊNIO que teve aquela idéia.

Na última estrofe, Fáfa de Belém faz aquele sinal com a mão de “me acompanhem”.

Muito constrangedor.

Na platéia, Ana Hickmann. E sim, ela é gata mesmo.

Após o final da cerimônia, correm os jornalistas para um espaço mínimo para tentar conseguir uma aspa no Lula e salvar a noite. Espremida como uma salsicha entre a jornalista, aquela lá de cima, e uma grade que iria cair a qualquer momento, chega o Lula. E era óbvio que ele não iria falar.

O que fazer? Chutar o pau da barraca.

- Presidente, fala com a gente – disse eu para um Lula que agora, através da grade, segurava minha mão.

- Agora não, depois.

- Depois quando, presidente? – Perguntava eu a um presidente que agora BOTAVA A MÃO NO MEU ROSTO.

Ele riu e saiu.

Ah, é?

- PRESIDENTE NÃO FAZ ISSO COMIGO, NÃO DESPEDACE O MEU CORAÇÃO.

É sério, eu fiz isso.

Logo depois, a jornalista, aquela, anota o e-mail do editor da Record News, conhecida também como A CONCORRÊNCIA, para mandar curriculum.

Querendo já pedir o táxi pra ir embora, vejo ELIAKIM ARAÚJO e sua esposa. Ao meu lado, ele diz:

- Leila, eu quero um champagne.

Voltando ao teatro, vi a Eliana e uma ex-BB que eu não me recordo o nome.

Mas o melhor ainda estava por vir: O mestre.

Eduardo Suplicy.

- Senador, o senhor não ia cantar no VMB?

- Estou indo pra lá.

- Então por favor deixa pra cantar daqui a umas duas horas pra dar tempo de eu chegar em casa.

- Vai demorar mais do que isso. E você gosta de me ver cantar?

- Não, senador, EU GOSTO DE VOCÊ.

Ele riu.

Estava indo embora, meu táxi já estava chegando, mas era preciso fazer mais uma coisa:

- Senador, me dá um autógrafo?

- Opa, claro. Qual seu nome?

E escreveu no meu bloquinho de pautas. E colocou a data errada no final.



Quando ele entregou o bloquinho, a cereja no topo do sundae:

- Esteve aqui o presidente da república?

(???)

Não consegui responder e ele foi embora.

Na saída, uma mesa cheia de bombons maravilhosos e bem-casados. Peguei vários.

Tudo cortesia da Igreja Universal.