Starup Soviet Camarada*
Um dia você se olha no espelho e vê um culote gigante. É a única coisa que você consegue ver, além da celulite. Blá blá blá, toda mulher tem, eu sei.
E você adora comer e sabe que a maior prova da sacanagem divina é bacon fazer mal. E chocolate. E pizza. E coca-cola.
Mas você já não tem tanto ânimo de ir na piscina.
E um dia aquela calça jeans preta, a segunda preferida, fica tão justa que você não consegue andar direito.
Ok, agora chega. Tá na hora de fazer alguma coisa.
E o inimaginável acontece: você conheça a comer salada. Alface, couve-manteiga, escarola. Sempre com muito limão ou molho parmesão, sim. Mas salada.
E uma tonelada de frango grelhado e suco e adoçante e leite desnatado.
E horas da vida que poderiam ter sido utilizadas em coisas mais divertidas correndo como um hamster em uma esteira e fazendo abdominais.
55, 54, 53, 52, 51, 52 (acontece).
Aí um dia você abre o guarda-roupa procurando algo pra usar. Olha a calça preta, as saias, e de repente você a vê. Escondida, esquecida, como se soubesse que nunca mais seria usada de novo.
A Levi's cintura baixa surrada. Comprada no dia do aniversário em 2004. A calça preferida que até então parava no quadril.
E ela entra. Com uma facilidade assustadora. Abotoa, se olha um milhão de vezes no espelho.
Nesse momento você entende. E se torna mais mulherzinha do que nunca porque só as mulherzinhas entenderiam essa felicidade.
Valeu a pena. De verdade.
*Os mais velhos lendo o título e o texto vão entender a referência à lendária propaganda da marca nos anos 80. Não entendeu? Foda-se, você não teve vida.