quinta-feira, abril 26, 2007

Starup Soviet Camarada*

Um dia você se olha no espelho e vê um culote gigante. É a única coisa que você consegue ver, além da celulite. Blá blá blá, toda mulher tem, eu sei.

E você adora comer e sabe que a maior prova da sacanagem divina é bacon fazer mal. E chocolate. E pizza. E coca-cola.

Mas você já não tem tanto ânimo de ir na piscina.

E um dia aquela calça jeans preta, a segunda preferida, fica tão justa que você não consegue andar direito.

Ok, agora chega. Tá na hora de fazer alguma coisa.

E o inimaginável acontece: você conheça a comer salada. Alface, couve-manteiga, escarola. Sempre com muito limão ou molho parmesão, sim. Mas salada.

E uma tonelada de frango grelhado e suco e adoçante e leite desnatado.

E horas da vida que poderiam ter sido utilizadas em coisas mais divertidas correndo como um hamster em uma esteira e fazendo abdominais.

55, 54, 53, 52, 51, 52 (acontece).

Aí um dia você abre o guarda-roupa procurando algo pra usar. Olha a calça preta, as saias, e de repente você a vê. Escondida, esquecida, como se soubesse que nunca mais seria usada de novo.

A Levi's cintura baixa surrada. Comprada no dia do aniversário em 2004. A calça preferida que até então parava no quadril.

E ela entra. Com uma facilidade assustadora. Abotoa, se olha um milhão de vezes no espelho.

Nesse momento você entende. E se torna mais mulherzinha do que nunca porque só as mulherzinhas entenderiam essa felicidade.

Valeu a pena. De verdade.


*Os mais velhos lendo o título e o texto vão entender a referência à lendária propaganda da marca nos anos 80. Não entendeu? Foda-se, você não teve vida.

terça-feira, abril 10, 2007

Ele

Não está acostumado a ouvir o quanto é incrível. O quanto é inteligente e comppanheiro. Talvez nunca ninguém tenha dito isso a ele, e quando eu digo, soa a pieguice de uma garota apaixonada.

Mas ele é lindo e ouvir os passos dele pela casa e a sua falta de delicadeza com os objetos me confortam. As perguntas de onde estão as coisas. A nossa rotina que nunca é a mesma.

E todas aquelas coisas que me irritam e as vezes me deixam triste. As brigas que me fazem gritar e depois chorar. Sempre dói. Sempre dá medo de que ele desista.

E essa idéia se transforma em dor física. E eu tenho ciúmes do nada.

Mas as brigas são a excessão e ele me faz feliz. Ele cuida de mim e diz coisas sobre mim que nem eu cheguei a exprimir em palavras. E ele sempre acerta.

Ele tem senso prático e aprendeu a ser carinhoso. Ele odeia falar ao telefone mas me acorda pra gente conversar. Ele me abraça e o mundo inteiro vira detalhe, especulação.

Pensar em um futuro ao lado dele é doce. Porque eu passei anos da minha vida acreditando que meu futuro teria, invariavelmente, a ver com solidão e agora eu vejo que não porque agora ele existe. Eu passei por coisa demais sozinha nessa vida e até assusta ter alguém pra dividir as coisas. Às vezes auto-suficiência é um defeito.

É sempre uma linha tênue entre a felicidade completa e o medo de deixar de ser feliz.

É pra sempre. Ele é o amor da minha vida.